BE propõe interdição de venda de veículos 4x4 para não profissionais
Na moção de orientação para a Vª Convenção, o Bloco de Esquerda (BE) propõe, entre outras medidas, a "interdição de venda de veículos 4x4 a usos não profissionais", bem como a "pedonalização dos centros" urbanos, proibindo gradualmente o uso de automóveis.
Naquilo que pretende sejam medidas que reduzam os níveis de emissão de CO2, o BE pretende ainda que seja interditado a prazo o transporte rodoviário de longa distância, considerando que se trata de "uma das grandes mudanças estruturantes" a nível de medidas ecológicas.
O ataque aos veículos 4x4, que pela descrição não se entende se estamos a tratar de veículos todo o terreno ou de automóveis comuns com tracção integral, insere-se numa tendência que várias organizações que se auto-intitulam de ecologistas têm vindo a proseguir, numa tentativa de manipulação da opinião pública.
Se por um lado os veículos 4x4, mesmo considerando apenas os todo o terreno, têm motores idênticos aos de outros modelos, com níveis de poluição sensivelmente idênticos aos seus congéneres com a mesma cilindrada e peso, a descriminação destes apenas pode resultar de uma inadmissível ignorância ou de uma tentativa de manipulação da opinião publica.
Há muito que existe uma tendência para considerar os 4x4 como veículos de luxo, acessíveis apenas a uns poucos e que, em consequência, os tornam e aos seus proprietários alvos fáceis de invejas e outros sentimentos mesquinhos, tal como o poderão ser os detentores de outros bens considerados "sinais exteriores de riqueza", como iates ou aviões particulares que, seguindo a mesma lógica ou a falta dela, poderão ser igualmente proibidos.
Este proposta do BE, para além de merecer todo o repúdio por parte de quem vê na prática de todo o terreno a possibilidade de uma intervenção social, que pode contribuir para lutar contra os incêndios florestais e ajudar a desenvolver áreas no Interior do País, demonstra uma falta de reflexão, de conhecimento e de perspectivas que, infelizmente, é cada mais frequente entre a nossa classe política.
Resta lembrar ao BE, e a outros que sugiram algo de semelhante, que os praticantes de todo o terreno fazem mais, em termos práticos e concretos, pela protecção da Natureza do que todos os políticos portugueses, os quais nunca foram capazes de adoptar medidas realistas, exequíveis e eficazes para combater as principais causas de emissões poluentes em Portugal.
Publicada por Nuno M. Cabeçadas
texto retirado do site TTverde.pt