"Medidas de segurança estavam garantidas"
Mauritânia critica cancelamento do Lisboa-Dakar; Marrocos lamenta
O presidente da Federação Marroquina de Desporto Automóvel lamenta o cancelamento do Rali Lisboa-Dakar, edição em que participavam pela primeira vez pilotos de Marrocos. Por seu lado, a Mauritânia critica a decisão, alegando ter tomado "todas as medidas para garantir que o rali se realizasse sem qualquer incidente".
"É mais do que lamentável", disse o presidente da Federação Marroquina de Desporto Automóvel, Adil Fellous, recomendando aos organizadores da prova que "olhem para o futuro e tirem lições desta experiência".
Sobre os riscos de realização da prova, Fellous considerou que o "terrorismo é ilógico" e que nada se pode prever "com tudo o que se passa no Mundo".
Marrocos participava este ano pela primeira vez na prova rainha do todo-o-terreno com dois pilotos na categoria de automóveis e um na de motos.
Mauritânia critica decisão
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Mauritânia criticou hoje a decisão dos organizadores franceses do rali Lisboa-Dakar de cancelarem a prova. "Nenhum elemento novo justifica a preocupação expressa pelos organizadores franceses (...). Tomámos todas as medidas para garantir que o rali se realizasse sem qualquer incidente", garantiu o ministro Babah Sidi Abdallah, em entrevista à televisão RTL.
Para garantir a segurança dos participantes no rali, a Mauritânia tinha mobilizado, numa extensão de 9,275 quilómetros - desde a Europa a África -, uma força de 3.000 homens.
O cancelamento da corrida é uma grave perda para o país situado no extremo do deserto do Sahara. A passagem das centenas de automóveis fornece anualmente um ligeiro alívio financeiro para as localidades onde raramente passam visitantes.
"No que diz respeito ao rali, há uma total coordenação", disse Abdallah.
Cancelamento por "razões de segurança"
A edição 2008 do rali todo-o-terreno Lisboa-Dakar foi hoje cancelada por falta de segurança pela organização, conforme uma recomendação do governo francês que "desaconselhou fortemente" os cidadãos franceses, incluindo os presentes no rali, a permanecerem na Mauritânia.
A empresa organizadora Amaury Sport Organization (ASO)optou por seguir a recomendação do governo francês.
Esta decisão ocorre depois de, a 24 de Dezembro, quatro turistas franceses terem sido assassinados na Mauritânia e, dias depois, de a Al-Qaeda proferir ameaças contra os interesses franceses no Magrebe.
Hoje de manhã, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Bernard Kouchner, tinha advertido os organizadores e participantes do rali Lisboa-Dakar de que passar pela Mauritânia, onde estavam previstas várias etapas, era "perigoso" neste momento.
"Na Mauritânia tivemos esse incidente mortal e queremos evitar outros, porque segundo os nossos serviços de secretos, pode haver outros", afirmou o chefe da diplomacia francesa.
A empresa (ASO) alega razões de segurança nas etapas que deveriam realizar-se na Mauritânia para o cancelamento do rali, o que sucede pela primeira vez na sua história.
"Depois de diferentes conversas com o governo francês - em particular com ministro dos Negócios Estrangeiros - e tendo em conta as suas firmes recomendações, os organizadores do Dakar decidiram anular a edição de 2008 do rali, programada para de 05 a 20 de Janeiro entre Lisboa e a capital senegalesa", refere o comunicado da ASO.
O comunicado fala ainda de "ameaças directas lançadas contra a prova por movimentos terroristas".
Daniel Bilalian, responsável desportivo da cadeia de televisão France Télévisions, organismo encarregue da difusão das imagens da prova, em declarações à emissora Europe 1, falou de "duro golpe" para a corrida.
Com Lusa
em:
http://sic.sapo.pt/online/noticias/desp ... ntidas.htm