por tuaregue » 07 nov 2006, 15:45
Bunda mole... hein ?
Belinha acordou às seis, arranjou as crianças, levou-as ao colégio e voltou
para casa a tempo de dar um beijo burocrático
no Artur, o marido, e de trocarem cheques, afazeres e reclamações.
Deu um pulo ao supermercado, zangou-se com a empregada por causa de uma
mancha no seu vestido de seda, saiu como sempre apressada, Apanhou uma multa
por estar a conduzir com o telemóvel no ouvido e uma advertência por
estacionar em lugar proibido, enquanto ia, por um minuto, ao caixa
automático tirar dinheiro.
Num congestionamento monstro, batucava ansiedade no volante e pensava QUANDO
teria tempo de arranjar as unhas e pintar o cabelo antes que se
transformasse numa mulher grisalha...
Ao chegar ao escritório, foi quase atropelada por uma
gata escultural que, segundo soube, era a nova contratada
da empresa para o cargo que ela, Belinha, fez de tudo para pegar, mas que,
apesar do currículo excelente e de seus anos de experiência e dedicação, não
conseguiu.
Pensou se abdômen definido contaria pontos, mas depressa esqueceu a gata,
porque no meio de uma reunião ligaram do colégio da Clarinha, a filha mais
nova, dizendo que ela estava com dores de ouvidos e febre.
Tentou em vão falar com o marido e, como não conseguiu, resolveu ela mesma
ir até o colégio, depois de uma reunião com o novo cliente, que se revelou
um chato, neurótico, desconfiado e com quem teria que lidar nos próximos
meses...
Saiu esbaforida e pensou em tudo que ainda ia ter que fazer antes de fechar
os olhos e sonhar com um mundo melhor.
Já em casa, descobriu que tinha deixado no escritório, a pasta com o
relatório que precisava ler para o dia seguinte!
Telefonou para o marido com a esperança que ele pudesse ir buscar os
malditos papéis na empresa, mas a bosta continuava sem rede...
Conseguiu, depois de vários telefonemas, que um estafeta lhe trouxesse a
porra da pasta.
Tomou uma mer** dum banho, deu a droga do jantar às crianças, fez a porcaria
dos deveres com os 'dispersos' e deitou os monstrinhos.
Artur chegou fulo duma reunião, reclamando de tudo.
Jantaram em silêncio.
Na cama ela leu metade do relatório e começou a cabecear de sono. Artur
acordou-a com tesão, a fim de jogo. Como aqueles momentos estavam cada vez
mais raros no casamento deles, ela resolveu fazer um último esforço de
reportagem e alinhar.
Deram uma meio rápida, meio mais ou menos, e...quando
estava quase a pegar no sono de novo, sentiu uma apalpadinha
no seu rabo com o seguinte comentário:
- Tá ficar mole, Belinha... deixa-te de preguiça e começa a cuidar-te..
Belinha olhou para o abajur de metal e imaginou-se a martelar a cabeça de
Artur até ver os miolos espalhados na almofada!
Depois viu-se a pular sobre o tórax dele até lhe partir todas as costelas!
Com um alicate das unhas arrancou um a um todos os dentes e depois deu-lhe
um pontapé tão brutal nos ditos, que voaram espermatozóides para todos os
lados!
MAS... usou a técnica que aprendeu num livro de
auto-ajuda: como controlar as emoções negativas.
Respirou três vezes profundamente, mentalizou a cor azul e ponderou. Não ia
valer a pena, não estamos nos EUA, não conseguiria uma advogada feminista
caríssima que fizesse a sua defesa alegando que assassinou o marido cega de
tensão pré-menstrual...
Resolveu agir com sabedoria.
No dia seguinte:
não levou as crianças ao colégio,
não deu um pulo ao supermercado rápido, nem brigou com a empregada. Foi para
um ginásio e 'malhou' duas horas. De lá foi para o cabeleireiro pintar os
cabelos de acaju e dar um corte escadeado e colocou unhas de gel pintadas de
vermelho. Ligou para o cliente novo insuportável e disse tudo que achava
dele e do projecto dele...
E aguardou os resultados da sua conduta,
fazendo uma massagem estética que jura eliminar, em dez sessões, a gordura
localizada.
Enquanto se registava num SPA, ouviu uma mensagem do marido desesperado a
tentar localiza-lá pelo telemóvel e descobrir por que ela tinha
desaparecido. Pacientemente... não atendeu. E, como vingança é um prato que
se serve frio, mandou um lacónico sms.
- O rabo ainda está mole. Volto quando estiver duro.
Um beijo da preguiçosa...
Rafael Rodrigues
Y61GR 3.0Di
Fiel como um Cão, Forte como uma mula, Ágil com uma Cabra.