É com grande indignação que verifico que aquilo que poderia ser uma grande festa popular vai, afinal de contas, ser um feudo para VIP's. Falo da 1ª etapa do rali Lisboa-Dakar e da intenção da organização da Lagos Sport de dificultar ao máximo o acesso do público. Só assim se explica que o percurso seja, quase na íntegra, realizado dentro de vedações, seja dentro da Companhia das Lezírias, seja dentro do Campo de Tiro de Alcochete.
Poderia, de facto, ser uma festa popular, como o foi em 2006 e 2005. Em vez disso, vamos ter autocarros a transportar perto de 1 milhão de pessoas e a "despejá-las", qual rebanho descontrolado, dentro de zonas delimitadas para que se acotovelem a tentar ver vultos coloridos a passar. Sim, porque duvido que numa zona plana alguém, além dos que ficarem na linha da frente, consiga ver mais do que vultos e muito pó no ar...
Com certeza vai ser muito pacífico o transporte desta gente toda, com mochilas e geleiras, em autocarros. Com certeza vai ser muito pacífica a "arrumação" desta gente toda que quer o seu espacinho para conseguir comer a sua sandes...
Depois de ultrapassadas estas dificuldades, certamente menores para a Lagos Sport, temos o regresso. Imagine-se perto de 1 milhão de pessoas a acotovelarem-se porque todos querem ser os primeiros a entrar nos autocarros para ir para casa. Pacífico, certamente...
E já nem falo do fácil que vai ser para os autarcas conseguirem garantir lugares de estacionamento dentro das suas cidades para todos estes carros. Os assaltantes de viaturas estão já por esta altura, certamente, a esfregar as mãos de contentamento...
É verdade que todos os adeptos do automobilismo se lembram do caos que era o Rali de Portugal na década de 80 do século passado, mas também é verdade que entretanto se passaram 20 anos. O que se passou na edição deste ano? Houve queixas dos pilotos? Houve espectadores a "tourearem" os carros? ou será que tivemos público ordeiro a aplaudir os seus ídolos?
Tenham vergonha senhores da Lagos Sport, não queiram que só VIP's e "sociáveis" assistam a uma festa que deve ser de todos!
Gostava que a dessem alguma visibilidade a este meu protesto, que mais não é que a voz de uma pessoa espelhando a indignação de muitos milhares.
Termino informando-vos que vou enviar esta mensagem às estações de televisão nacionais, rádios e jornais, bem como órgãos de comunicação social estrangeiros. Pretendo ainda, nos dias das verificações técnicas fazer ouvir a minha voz de protesto junto dos jornalistas estrangeiros que se encontrem na Praça do Império.