Inspectores de automóveis consideram estudo da Deco "alarmista"
29.08.2006 - 16h34 Lusa
A Associação Nacional de Empresas de Inspecção Automóvel considerou a investigação apresentada pela Deco como "alarmista". A associação de defesa do consumidor alertou hoje para a alegada "falta de rigor" dos Centros de Inspecção Periódica de Veículos.
"É claro que não gostamos dos resultados do estudo, mas queremos sublinhar que os Centros de Inspecção Periódica de Veículos são entidades altamente fiscalizadas, certificadas pelo IPAC [Instituto Português de Acreditação] e ainda sofrem uma fiscalização apertadíssima pela Direcção-Geral de Viação", disse à Lusa a secretária-geral da Associação Nacional de Empresas de Inspecção Automóvel (ANEIA), Ana Isabel Alves, considerando que "a notícia da Deco é alarmista".
A Deco analisou, entre Março e Abril deste ano, 30 dos 169 Centros de Inspecção Periódica de Veículos portugueses, levando à inspecção, de forma anónima, 30 carros com seis deficiências técnicas em pontos de controlo obrigatório numa inspecção periódica, sendo que nenhum dos carros estava em condições de ser aprovado.
Segundo a associação de defesa dos consumidores, nenhum dos centros detectou todas as seis deficiências criadas propositadamente nos veículos e nove dos Centros de Inspecção Periódica de Veículos não detectaram sequer uma delas, pelo que a Deco considera o exame "pouco rigoroso e eficaz" e os inspectores "pouco criteriosos".
Numa inspecção, "em cerca de 15 minutos são vistos mais de 300 itens por veículo e nem sempre é dada a mesma atenção a todos", afirmou Ana Isabel Alves, explicando que um inspector "dá mais atenção aos chamados sistemas vitais do veículo, compreendendo a direcção, suspensão e travagem", em detrimento das questões burocráticas.
"Em Portugal não existe uma cultura de inspecção"
Ana Isabel Alves admitiu que "em Portugal não existe uma cultura de inspecção" e considerou que "quem leva um carro à inspecção espera que o inspector facilite e lhe dê a dístico verde, o que leva a que o inspector esteja sob grande pressão pelos próprios cidadãos".
A mesma responsável afirmou também que a associação tem promovido nos últimos três anos acções de formação que abrangem 15 inspectores por mês.
A ANEIA considerou que o trabalho da Deco não é novo, porque a Direcção-Geral de Viação (DGV) faz com frequência, de forma aleatória e de surpresa, uma avaliação a que chamam "veículo mistério", que habitualmente abrange 50 centros.
"A DGV manipula um veículo, apaga registos em todo o sistema informático e apresenta-o em centros de inspecção sem que nós saibamos", disse Ana Isabel Alves, realçando ainda que os últimos estudos da DGV "têm apontado no sentido inverso ao do estudo da Deco, tendo sido detectadas a maioria das deficiências".
Os 169 Centros de Inspecção Periódica de Veículos existentes em Portugal continental realizam anualmente cinco milhões de inspecções.